“E todos foram cheios do Espírito Santo,
e começaram a falar noutras línguas,
conforme o Espírito Santo lhes concedia
que falassem".
Atos 2.4

O
batismo com o Espírito Santo é, sem dúvidas, uma das experiências mais
profundas que um crente verdadeiramente convertido e regenerado pode desfrutar.
A promessa divina, que nos últimos dias Deus derramaria do seu Espírito sobre o
seu povo, trouxe à igreja do Senhor o revestimento de poder, com o propósito fundamental
de capacitar divinamente aos discípulos de Cristo a cumprir a missão de pregar o
evangelho em todo o mundo (At 1.8). Não se trata de uma segunda “bênção”, mas
de uma experiência distinta à regeneração com propósito claramente definido nas
Escrituras. Ainda que muitos afirmem que essa experiência se deu apenas nos dias
da igreja primitiva, e que, portanto, o que está registrado nos Evangelhos e em
Atos seria tão-somente uma “descrição” e não uma “norma” a ser obedecida, estamos
convencidos pela Palavra de Deus, que na condição de igreja do Senhor, também fomos
alcançados pelas suas promessas e propósitos. O batismo com o Espírito Santo prepara
o crente regenerado a exercer com maturidade e sabedoria os dons espirituais,
com o objetivo claro de edificar e fortalecer a igreja de Cristo (1 Cor
14.12,15). Sem dúvidas, esta é uma das grandes promessas de Deus a ser desfrutada
por todos os que receberam ao Senhor Jesus Cristo como único e suficiente Salvador. Vide o estudo bíblico: A Relação entre o Batismo com o Espírito Santo e a Pregação do evangelho.
O QUE É O BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO?
Conceito Bíblico Teológico. [Do gr. baptisma, submersão, mergulho] Revestimento de poder conforme as
Escrituras, que se evidencia depois da verdadeira conversão a Cristo Jesus,
através da plenitude do Espírito Santo. Seu desígnio principal é capacitar aos
crentes verdadeiros a dar testemunho de Cristo e pregar com ousadia e
intrepidez o evangelho a toda criatura (Lc 24.49; At 1.8 cf. Mt 28.15; Mc
16.15). A doutrina do "batismo com o Espírito Santo" é bíblica e tal
expressão verdadeira, pois está baseada nos evangelhos sinópticos, no evangelho de João e no livro de
Atos dos Apóstolos (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo 1.33; At 1.5; 11.16 - "…sereis
batizados com o Espírito Santo"). Alguns seguimentos cristãos e também algumas seitas
afirmam que a “promessa” e o “derramamento” do Espírito se cumpriram nos dias
da igreja primitiva, e que, portanto, o que foi escrito em Atos é tão-somente
descritivo e não normativo. No entanto, cremos que como igreja do Senhor,
podemos desfrutar das suas promessas e propósitos (At 2.33; Gl 3.22; Ef 3.5,6; 1
Pe 2.9,10 cf. Rm 15.4,5). Uma vez fundamentados na doutrina de Cristo e dos
apóstolos (Mt 7.24-29; At 2.42; Ef 2.20; 2 Jo 1.9; Jd 1.17) e guiados pelo
Espírito Santo de Deus (Rm 8.14 cf. Jo 16.13), não há como negar a exatidão e
realidade dessa profunda experiência espiritual. Estamos vivendo os últimos dias
da igreja na terra, e assim como nos dias da igreja primitiva, o Espírito Santo
ainda domina, ordena y coordena a igreja em nossos dias (At 13.2-4; 15.28;
16.6,7). Por isso, devemos estar cheios do Espírito Santo, a fim de pregar com
ousadia e intrepidez o evangelho de Cristo (Hch 4.31; 13.52; Ef 5.18b).
A PROMESSA DO DERRAMAMENTO
O derramamento do Espírito
Santo foi profetizado pelos profetas Isaías (Is 44.3), Ezequiel (Ez 39.29) e
Joel (Jl 2.28,29) no Antigo Testamento. No Novo Testamento, o profeta João
Batista disse: "Ele os batizará com o
Espírito Santo" (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jn 1.33). O próprio Senhor
Jesus ratificou a promessa dizendo:
"Eu lhes envio a promessa do meu Pai, mas fiquem na cidade até serem revestidos
do poder do alto…” “Mas esperem pela promessa do meu Pai, da qual lhes
falei...” “Dentro de poucos dias, vocês serão batizados com o Espírito Santo” “Mas
receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês.” (Lc 24.49; At
1.4,5,8). A promessa do derramamento do Espírito Santo não foi feita com “data
de vencimento”, senão para o povo de Israel, para a igreja primitiva (apóstolos
e discípulos), e em fim, para a igreja do Senhor Jesus de geração a geração (Gl
3.14; 4.6 cf. Rm 8.9).
O
DERRAMAMENTO DO ESPÍRITO SANTO
O Senhor Jesus havia prometido
aos seus discípulos que depois da sua partida, não os deixaria órfãos, senão
que enviaria outro “Consolador”, o Espírito da verdade, o qual o mundo não poderia
receber (Jo 14.16-18, 26; 15.26; 16.7,13). Antes de ser elevado aos céus,
Cristo “soprou” o Espírito Santo sobre os discípulos cumprindo sua palavra e
promessa (Jo 20.21,22; At 1.2). Em relação ao batismo com o Espírito Santo, o derramamento
de poder sobre a igreja primitiva se deu no dia de pentecostes, quando os
discípulos e demais irmãos estavam reunidos em Jerusalém, obedecendo a voz do
Senhor Jesus. Diz-nos a Palavra: “E todos
foram cheios do Espírito Santo…” (At 1.14,15; 2.1-4). Então, “cheios” do
Espírito Santo, os discípulos pregavam a Palavra de Deus com coragem y ousadia
(At 4.31; 6.10; 13.52). Mais adiante, os samaritanos “receberam” o Espírito
Santo no momento em que os discípulos impuseram as mãos sobre eles (At 8.14-17).
Na casa do centurião Cornélio, enquanto o apóstolo Pedro ministrava a Palavra, o
Espírito Santo “caiu” sobre todos os que ouviam (At 10.44-46; 11.15,16; 15.8). Em
Éfeso, o apóstolo Paulo esclareceu aos discípulos de João Batista acerca do
Espírito Santo, e em seguida, havendo imposto
as mãos, “veio” sobre eles o Espírito Santo de Deus (At 19.1-6).
EM RELAÇÃO AO PROPÓSITO
Como já vimos anteriormente em
seu conceito bíblico, o propósito fundamental do batismo com o Espírito Santo é
revestir o crente de poder para o serviço e propagação do evangelho, isto é, unção
e graça para dar testemunho eficaz da verdade redentora do evangelho de Cristo
(Lc 24.49; At 1.8; 2.1-4 cf. Mc 16.15). O revestimento de poder dará ao crente,
ousadia e entusiasmo para realizar grandes coisas em nome do Senhor Jesus (At
4.31; 6.8; 1 Cor 2.4). Devemos entender que o batismo com o Espírito Santo é uma
experiência suficientemente importante para ser conhecida, compreendida e desfrutada.
A motivação em buscar e desejar a plenitude do Espírito, não é simplesmente o
"falar em línguas", senão a necessidade de receber poder sobrenatural
para testificar de Cristo e servi-lo com valor e denodo (At 4.31; 6.10).
QUANTO A SUA DISTINÇÃO
Não
devemos confundir o batismo com o Espírito Santo com a obra da regeneração que ele
promove a partir do momento em que a pessoa entrega sua vida a Cristo (Ef 1.13
cf. Gl 3.2,14). A Bíblia diz que o Espírito Santo
habita em nós (Jo 14.16,17; 1 Cor 3.16; 6.19; Ef 2.22). Uma pessoa pode viver
a regeneração, ainda que não tenha experimentado o revestimento de poder. Podemos concluir então, que não se trata de uma
segunda bênção, porém se manifesta como uma experiência profunda e posterior à
conversão, o batismo com o Espírito Santo se evidencia na vida daqueles que
foram genuinamente regenerados (Tt 3.5). Sobre esta distinção, vemos o exemplo dos
próprios discípulos que já haviam recebido o Espírito Santo, Consolador y guia,
antes do dia de pentecostes (Jo 20.21,22; At 1.2 cf. 14.16.17,26; 15.26; 16.7,13).
Isto explica também a expressão: "Porque por um Espírito somos todos
batizados em um corpo..."
(1 Cor 12.13; Ef 4.3-5). Os textos não se referem ao batismo como revestimento
de poder, e sim, sobre a obra perfeita do Espírito Santo que une o crente ao corpo
de Cristo de modo que todos sejam um (Gl 3.27,28; Cl 3.11). Por esta razão, cremos que o
batismo com o Espírito Santo é uma experiência distinta e especial que se
evidencia depois da verdadeira conversão a Cristo (At 8.14-17; 19.1-6).
QUANTO A EVIDÊNCIA FÍSICA
A Palavra de Deus nos revela que o batismo
com o Espírito Santo tem como evidência inicial física, o "falar em línguas".
Esta evidencia se deu claramente na vinda do Espírito Santo sobre todos aqueles
que foram batizados. Este padrão (modelo) bíblico é o mesmo em nossos dias (At 2.4; 10.46; 11.15,16; 15.8;
19.6). Vale a pena ressaltar, que o “falar em línguas” e o dom de variedade de
línguas são iguais na manifestação e evidência, porém, distintos no uso digno e
no propósito. Nem sempre aqueles que são batizados, recebem o dom de variedade
de línguas. A manifestação desse dom produz edificação pessoal e quando as línguas
são interpretadas, traz edificação a toda igreja (1 Cor 12.4-10; 14.2-6,13-17).
Há dois tipos de “línguas” na manifestação, que são: As línguas humanas, que são
idiomas (At 2.5-12; 1 Cor 14.10), não aprendidas, mas, são faladas de forma
sobrenatural. E as línguas espirituais ou mistérios (1 Cor 14.2 cf. At 10.46), não
aprendidas, tampouco entendidas, mas que glorificam a Deus quando manifestas. Sem
dúvidas, o revestimento de poder é também uma porta que se abre para a
manifestação genuína dos dons espirituais (At 19.6).
DEBEMOS BUSCAR A PLENITUDE DO ESPÍRITO?
A plenitude do Espírito Santo é uma dádiva para todos
aqueles que creem e desejam, logicamente (Lc 11.9-13; 1 Cor 14.12). Porém, isto
não significa que aqueles que não foram “batizados” não tem o Espírito Santo, isto
seria ilógico e contraditório. Ademais de ter o Espírito Santo morando em nós,
podemos desfrutar inteiramente de sua plenitude, através do revestimento de
poder com um propósito inegável (At 1.5,8), conduzindo ao crente convertido e regenerado
a uma profunda e incomparável experiência com Deus. De fato, todo crente que sente
o gozo de salvação em Cristo deve anelar a plenitude de Deus em Espírito (Ef
3.16-20), vivendo uma vida de oração, obediência, temor, santidade e fé (2 Cor
7.1; Rm 16.19; 1 Ts 3.13; 4.7; 5.17,23; 1 Pe 1.15; Jd 1.20).
Por Elder Dayvid Morais
Missionário em Guayaquil, Equador.