
Durante muitos anos, muito se falou sobre
o diálogo no seio da família e sobre a importância dessa ferramenta na
construção de uma prole sólida e vencedora. Nesses últimos dias, um novo tema tem
sido abordado com frequência em discussões e reflexões nos meios de
comunicação. Estamos falando do avanço da rede social e dos benefícios e
malefícios que ela tem trazido aos nossos dias. No meio social, existe uma discussão
baseada numa crítica comum, de que no ambiente familiar, as pessoas mesmo reunidas,
isto é, “presentes fisicamente”, estão “separadas mentalmente”, diminuindo o
afeto e o amadurecimento das relações. As crianças estão trocando as
brincadeiras ingênuas e sociáveis pelos tabletes e celulares de última geração.
Outro dia, minha filha me surpreendeu, fazendo coisas no meu celular que nem eu
mesmo conseguia fazer. Seria a tecnologia, a responsável por estas mudanças tão
gritantes? A informação (e a comunicação) em tempo real “encurtam” as
distâncias ou isolam as pessoas? O que separa as pessoas ou a família,
mesmo que fisicamente dividam o mesmo espaço?
Talvez para muitos seja imperceptível,
mas existe é um perigo tão sutil quanto letal no ambiente familiar, capaz de
separar estando junto, distanciar estando perto, aborrecer mesmo amando. Falo
do egocentrismo, que baseado num conceito comum é a denominação da
característica de uma pessoa que acha que o mundo gira a seu redor, isto é,
atributo da personalidade humana que remete ao indivíduo que sempre prioriza a
si mesmo (seus desejos, pensamentos e necessidades) diante da realidade. Trata-se
de uma atitude pessoal que atinge o coletivo, pois tudo o que fazem, dizem ou
pensam é sempre superior a qualquer outro, e isto, aliado ao desinteresse ou
falta de preocupação com quem está ao lado. O egoísmo impede um abraço, uma
palavra de gratidão e é incapaz de proporcionar um momento de amizade ou
diversão, além de macular os mais sinceros relacionamentos. Quando estamos no
“nosso” quarto, no “nosso” computador, no “nosso” celular, em “nosso” mundo,
deixamos passar despercebidos momentos simples, porém capazes de encher nossos
corações de alegria, como o sorriso dos filhos, o carinho do cônjuge e a maravilha
de está reunido em família. Foi aí que percebi com passar do tempo, que "o que separa as
pessoas não é a distância, mas a vontade de se vê. E não é a questão do tempo
(ter ou não), mas do interesse de compartilhar".
Todos os dias, o Senhor nos dá novas oportunidades de viver, de
refletir, de corrigir, de recomeçar. Ainda dá tempo de rever os nossos
conceitos, nossos valores, repensar nossas ações, nossas atitudes, aprender a
olhar de lado para aqueles que estão bem perto com o interesse no bem comum,
com amor e com afeto. Se a vida nos levar para longe, talvez um dia aprenderemos
com a saudade o que, de fato, a família represente para cada um de nós. Mas se
a vida nos brindar a chance de estarmos juntos, não desperdicemos a
oportunidade de aprender ainda mais sobre ela e toda a sua beleza e importância.
Quando a família é, de fato, o nosso maior patrimônio, o “eu” e o “nós”
caminham lado a lado, e mesmo divergentes em alguns assuntos ou opiniões,
seremos unânimes no triunfo, no respeito e no amor. Dê valor a sua família para
que todos os dias ela seja uma bênção para todas as famílias da terra.
Por Elder Dayvid Morais.