
De acordo com a Palavra de Deus, o sonho é fruto das “muitas ocupações
ou tarefas” [Eclesiastes 5.3 – Porque da muita ocupação vêm os sonhos...],
e, sem dúvidas, está associado à vaidade humana, perspectivas e desejos
pessoais, informações diárias e de tudo aquilo que vemos, ouvimos e vivemos ao
longo da vida [Eclesiastes 5.7 – Porque na multidão dos sonhos há vaidades...].
Apesar de encontrarmos na Bíblia diversos exemplos de que Deus falou com
alguns através de sonhos, exemplo: José (Gn 37.5,9); Faraó no Egito (Gn 41.1,5,25-32); Daniel (Dn 7.1); José,
marido de Maria (Mt 1.20,24), não
encontramos nenhum indicativo de que tal manifestação seja válida para os dias
de hoje, ou seja, não lemos nenhuma orientação doutrinária que sugira que Deus ainda
continua falando por sonhos, sobretudo, no Novo Testamento. Apesar de reconhecer
que Deus é Soberano e fala como e quando Ele quer, cremos que a sua Palavra viva
e revelada a todos nós, é suficiente em tudo, não havendo assim, a necessidade
de novas revelações [Hebreus 4.12 – Porque a palavra de Deus é viva e
eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à
divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir
os pensamentos e intenções do coração]. Está claro, que tudo o que lemos sobre os sonhos nas Escrituras não tem
cunho normativo – não é uma regra –, mas descritivo, servindo-nos apenas como
referências, exemplos da atuação divina antes da revelação da Palavra escrita,
e, portanto, não devemos tomá-los como uma via de regra doutrinária. Diferente
de outrora, quando a revelação das Escrituras estava em andamento, hoje, nós temos
a Palavra de Deus escrita, suficiente e disponível! Jamais inspirada ou regida
pelo pensamento humano, mas revelada pela vontade soberana do Senhor nosso Deus
[2 Pedro 1.21
– Porque
a palavra profética nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os
homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo].
Analisando com atenção os inúmeros exemplos descritos na Palavra de Deus,
concluímos que os propósitos das manifestações dos sonhos eram específicos,
para pessoas específicas e em momentos específicos. Não eram manifestações
aleatórias, generalizadas ou cheias de interpretações contraditórias, confusas
e convenientes, como se evidencia no seio das igrejas neopentecostais e
liberais. Quando lemos em Hebreus 1.1, que “Havendo Deus, outrora, falado,
muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas...”, entendemos
evidentemente que os sonhos fazem parte desse contexto e que Deus não falou somente
pelos sonhos, mas também através dos anjos, visões, revelações e até animais. Todavia,
nenhum sonho ou manifestação
espiritual, experiência sobrenatural, visão ou “revelação extraordinária” está
sobre a autoridade da Palavra de Deus, pois somente ela é absoluta, infalível e
inerrante! [2 Timóteo 3.16,17 – Toda a Escritura é divinamente
inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para
instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente
instruído para toda a boa obra].

Trazendo para o contexto cristão contemporâneo, a evidente ignorância
bíblica, promove excessivamente os sonhos como revelação de Deus, tentando dar
status de algo sobrenatural ou divino, mesmo quando não há qualquer conexão com
a Palavra ou mesmo com a realidade. A cultura de “espiritualizar” toda
manifestação ou qualquer experiência pessoal, instalada na teologia liberal e
nas igrejas neopentecostais, banalizam as verdadeiras revelações descritas na
Palavra de Deus e generalizam os sonhos e as supostas “revelações”, confundindo
os indoutos e até mesmo líderes religiosos com fortes tendências às práticas do
pragmatismo e da “profetada” baseada em adivinhações e conveniências, sendo essa
última, prática dos videntes e falsos profetas [Jeremias 23.25 – Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas,
profetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei...] (cf. Jr 14.14; 23.25-32).


Por Elder Dayvid Morais