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OS SONHOS SÃO REVELAÇÕES DE DEUS?

O conceito comum (definições da religião, ciência e cultura) indica que o sonho é uma série de imagens (ou cenas), por vezes confusas, ilógicas ou contraditórias, que se apresentam (ou se reproduzem) mentalmente durante o sono; É, literalmente, o que aparece no sono. Também sinônimo de: visão; utopia; ficção; fantasia. E no sentido figurado, podem ser entendidos como: objetivo; desejo; ideal.

De acordo com a Palavra de Deus, o sonho é fruto das “muitas ocupações ou tarefas” [Eclesiastes 5.3 – Porque da muita ocupação vêm os sonhos...], e, sem dúvidas, está associado à vaidade humana, perspectivas e desejos pessoais, informações diárias e de tudo aquilo que vemos, ouvimos e vivemos ao longo da vida [Eclesiastes 5.7 – Porque na multidão dos sonhos há vaidades...].

Apesar de encontrarmos na Bíblia diversos exemplos de que Deus falou com alguns através de sonhos, exemplo: José (Gn 37.5,9); Faraó no Egito (Gn 41.1,5,25-32); Daniel (Dn 7.1); José, marido de Maria (Mt 1.20,24), não encontramos nenhum indicativo de que tal manifestação seja válida para os dias de hoje, ou seja, não lemos nenhuma orientação doutrinária que sugira que Deus ainda continua falando por sonhos, sobretudo, no Novo Testamento. Apesar de reconhecer que Deus é Soberano e fala como e quando Ele quer, cremos que a sua Palavra viva e revelada a todos nós, é suficiente em tudo, não havendo assim, a necessidade de novas revelações [Hebreus 4.12 – Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração]. Está claro, que tudo o que lemos sobre os sonhos nas Escrituras não tem cunho normativo – não é uma regra –, mas descritivo, servindo-nos apenas como referências, exemplos da atuação divina antes da revelação da Palavra escrita, e, portanto, não devemos tomá-los como uma via de regra doutrinária. Diferente de outrora, quando a revelação das Escrituras estava em andamento, hoje, nós temos a Palavra de Deus escrita, suficiente e disponível! Jamais inspirada ou regida pelo pensamento humano, mas revelada pela vontade soberana do Senhor nosso Deus [2 Pedro 1.21Porque a palavra profética nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo].

Analisando com atenção os inúmeros exemplos descritos na Palavra de Deus, concluímos que os propósitos das manifestações dos sonhos eram específicos, para pessoas específicas e em momentos específicos. Não eram manifestações aleatórias, generalizadas ou cheias de interpretações contraditórias, confusas e convenientes, como se evidencia no seio das igrejas neopentecostais e liberais. Quando lemos em Hebreus 1.1, que “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas...”, entendemos evidentemente que os sonhos fazem parte desse contexto e que Deus não falou somente pelos sonhos, mas também através dos anjos, visões, revelações e até animais. Todavia, nenhum sonho ou manifestação espiritual, experiência sobrenatural, visão ou “revelação extraordinária” está sobre a autoridade da Palavra de Deus, pois somente ela é absoluta, infalível e inerrante! [2 Timóteo 3.16,17 – Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra].

Apesar de toda mística criada e defendida por muitas religiões em seu entorno, podemos afirmar, que tudo o que se refere aos sonhos são relativos, pois muitas vezes não passam de “criações de uma mente cansada ou repleta de informações diárias”, sem estar necessariamente ligado ao “falar de Deus” ou às profecias bíblicas. A mente (imaginação) humana pode reunir os traumas, medos, preocupações, dores, ansiedades, desejos, experiências e outros sentimentos, criando verdadeiros “filmes” de comédia, de ficção ou de terror, dos mais variados e criativos (isso é atestado pela ciência). Sem contar os pesadelos que também são responsáveis pelo espanto noturno e pelas inquietações durante sono. De sorte, que não devemos dar aos sonhos tanta importância, já que a “criatividade” e a “imaginação fértil” são marcas registradas (Jd 1.8). Ademais, nenhum cristão ou religioso detém a exclusividade do “sonhar”, já que todos, qualquer um, rico ou pobre, crente ou incrédulo, temente ou escarnecedor, justo ou injusto, homem, mulher, velho ou criança podem sonhar à vontade.

Trazendo para o contexto cristão contemporâneo, a evidente ignorância bíblica, promove excessivamente os sonhos como revelação de Deus, tentando dar status de algo sobrenatural ou divino, mesmo quando não há qualquer conexão com a Palavra ou mesmo com a realidade. A cultura de “espiritualizar” toda manifestação ou qualquer experiência pessoal, instalada na teologia liberal e nas igrejas neopentecostais, banalizam as verdadeiras revelações descritas na Palavra de Deus e generalizam os sonhos e as supostas “revelações”, confundindo os indoutos e até mesmo líderes religiosos com fortes tendências às práticas do pragmatismo e da “profetada” baseada em adivinhações e conveniências, sendo essa última, prática dos videntes e falsos profetas [Jeremias 23.25 – Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, profetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei...] (cf. Jr 14.14; 23.25-32).

Em contraste com a revelação absoluta da Palavra de Deus, não são poucos os conflitos que giram em torno dos sonhos, pois além de comprovadamente relativos, podem ser facilmente esquecidos, ou relembrados em lampejos, ou mesmo, manipulados ao misturar a realidade e a ficção num pretexto conveniente ou num estado de perturbação mental. O fato, é que os sonhos não merecem confiança, tamanha sua relatividade e confusão. E se numa remota possibilidade, acreditares que Deus falou contigo, deves buscar uma explicação, submetendo a tua mente à Palavra de Deus e somente nela buscar algum respaldo. Se encontrar, trate de aplicá-la à sua vida, de maneira muito pessoal, caso contrário, não perca o seu tempo precioso preocupado com isso, antes bem, leia e medite na Palavra de Deus com devoção, temor e amor, pois só ela é digna de total confiança e obediência [Romanos 15.4 – Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança]. Devemos valorizar a Palavra de Deus seguindo as suas orientações e mandamentos (Dt 29.29; Sl 1.2; Jo 5.39; Tg 1.25), aprendendo a cada dia a não ir além – ultrapassar – daquilo que foi escrito (1 Cor 4.6).

Em resumo, a Palavra de Deus é absoluta, infalível e plenamente confiável. Enquanto que os sonhos são relativos e incertos, frutos da imaginação criativa ou perturbada da mente humana. Os sonhos não são exclusivos dos crentes ou religiosos, pois qualquer pessoa, até mesmo os ateus podem sonhar à vontade. Na hipótese de acreditares que Deus falou contigo através de um sonho, busque sabiamente respaldo nas Escrituras e aplique-o à sua vida de forma pessoal. Contudo, esteja ciente, que biblicamente, não se trata de uma regra doutrinária a ser seguida ou ensinada, senão de uma – possível – experiência pessoal. Caso contrário, não perca o seu tempo com tais coisas, pois os sonhos, bons ou pesadelos, definitivamente, não merecem confiança. Voltemos à simplicidade do evangelho! Voltemos à Palavra!

Por Elder Dayvid Morais
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